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Canadá – EUA de trem

Sabia que é possível fazer o trecho Canadá – EUA de trem?

Quando eu conto para as pessoas que fui de Montreal, Canadá, para Nova York, Estados Unidos de trem, as pessoas me olham com surpresa. Algumas por não esperarem esse tipo de viagem, outras por não saberem que tem trem na região.

A viagem que fiz foi em 2009, mas acredito que a experiência não tenha mudado muito. Pelo menos os horários dos trens não mudaram.

Meu pai tirou para mim, em milhas, o trecho São Paulo – Montreal e Nova York – São Paulo. Eu iria ficar duas semanas em Montreal, e depois cinco noites em NY antes de voltar ao Brasil.

Procurando formas de fazer o deslocamento entre as duas cidades, acabei descobrindo que era possível fazer essa viagem de trem. A duração seria de quase onze horas, por um preço que me pareceu ser uma pechincha – e que ainda tinha desconto para quem tivesse a carteira ISIC, de estudante.

Aliás, eu fiquei surpresa ao ver que a América do Norte tem uma malha ferroviária considerável. Para mim (e para grande parte dos brasileiros, penso eu), trem é coisa de Europa. Eu fiz uma viagem de final de semana para Ville de Quebec de trem da Via Rail, e vi que a malha da Amtrak era bem grande – e internacional. Entre os trajetos estão Toronto – Nova York, Vancouver – Seattle e Montreal – Nova York. Justamente o que precisava.

O trecho de avião estava saindo por volta de 200 dólares. De trem, com o desconto, por 58 dólares. Somando o preço ao fato de eu sair do centro de Montreal e chegar no centro de Manhatthan, me pareceu uma economia gigante. Não tive dúvidas: comprei o meu bilhete e embarquei na primeira viagem de trem internacional da minha vida.

montreal_station

Com saída de Montreal com destino à Nova York só há um trem por dia, que sai as 9h30 e chega às 20h20. Comprei o bilhete pelo site da Amtrak, e escolhi a opção de imprimir na estação, já que eu estava em uma residência estudantil e não tinha impressora.

Os trens saem da Gare Centrale/Central Station, que tem fácil acesso pelos metrôs Bonaventure ou McGill e fica dentro da cidade subterrânea da cidade. Chegando na estação, você consegue encontrar as máquinas de impressão das passagens. Fique atento, porque existem as máquinas da Via Rail e da Amtrak. Você só vai conseguir imprimir nas da Amtrak.

Eles pedem para chegar meia hora antes do embarque, mas como eu tinha que imprimir o bilhete e não tinha a menor ideia de como seria um embarque internacional, cheguei uma hora antes. Para mim foi mais que o suficiente. Imprimi meu cartão de embarque em menos de dois minutos, parei para tomar um café e ainda esperei até abrir o portão, o que aconteceu meia hora antes do embarque.

Quando abriu o portão de embarque, desci com a minha mala e me dirigi ao meu vagão. Deixei a mala maior em um espaço no fundo do vagão dedicado à bagagem, e a mochila levei comigo. Detalhe que este “bagageiro” nada mais era do que um espaço sem bancos para colocar as malas, não tinha grades ou prateleiras. E era um espaço bem maior também do que qualquer trem que peguei.

Dei tchau para Montreal que se despediu de mim melancólica em um dia cinza. Mas linda como sempre.

Canada - EUA de trem

Comprei a passagem na janela (sim, sou criança!) e não me arrependi em nada. As janelas são praticamente panorâmicas, e a vista que se tem das poltronas são incríveis. Portanto, a propaganda no site da Amtrak que diz que a viagem está entre as dez mais belas do mundo não é nenhuma mentira. Eu ainda tive a oportunidade de viajar no começo do outono, quando a folhagem varia entre verde, amarelo e vermelho, e formam um espetáculo que é muito difícil vermos no Brasil.

O trem não foi muito cheio, e eu ainda dei a sorte de não ter ninguém sentado do meu lado. Fiquei ainda mais tranquila e relaxada.

As poltronas são largas e muito confortáveis. De longe muito mais confortáveis que avião. O espaço entre as poltronas também são bem grandes, dá para esticar bem as pernas. Para referência, tenho 1,71 de altura. Dormir um bom trecho da viagem, mas sempre que eu acordava dava de cara com uma vista linda.

O trem fez algumas paradas ao longo do percurso, mas nada muito demorado ou que tenha causado transtorno.



Booking.com

Mas e a alfândega?

Posso afirmar que foi a imigração mais tranqüila que ja passei na vida.

Quando você chega na fronteira com os EUA, o trem pára e entram os oficiais da imigração. Eles pedem a todos que tenham os passaportes fora das capinhas em mãos, para facilitar o processo.

Eu, já acostumada a neura de uma imigração “normal”, estava preparada para mais uma imigração cheia de conferências, perguntas e funcionários nada amistosos. Um oficial super simpático se aproximou, e quando eu fiz menção de levantar, ele pediu para que eu permanecesse sentada, que não era necessário levantar.

Ele viu meu passaporte verde, e ficou curioso.

– De onde você é?
– Brasil.
– Brasil? Legal. (Ele procurou a página com a minha foto) Então, Daniele, de onde você está vindo?
– Montreal.
– Ah, legal. E o que você foi fazer em Montreal?
– Estudar.
– Inglês ou francês?
– Francês.
– Mas você também fala inglês. Muito bom. E o qual seu destino?
– Nova York.
– Você tem mala?
– Sim.
– Qual é?
– A rosa ali. (Apontei para o fim do vagão onde estava a minha mala).
– Quanto tempo você fica em Nova York?
– Cinco dias. Depois volto para casa.
– Primeira vez na cidade?
– Sim.
– Você vai amar. Divirta-se!

E nisso ele entregou meu passaporte. O tempo inteiro a entrevista foi como se fosse uma conversa com um amigo, curioso por saber meus planos. Foi simpático, sorridente e muito amável o tempo inteiro. E mal chegou perto da minha bagagem.

A viagem prosseguiu, e eu pensei que teria que passar por uma nova imigração quando chegasse na Big Apple. Que nada! Sai no meio da Penn Station com a minha mala, desejando que toda imigração fosse tão leve como foi aquela.

Canada - EUA de trem

Se valeu a pena? Com certeza! As paisagens são incríveis, a imigração tranquila, e o preço do bilhete foi um quarto do valor de uma tarifa de avião.

Claro que cada caso é um caso. Você “perde” um dia dentro de um trem, mas aprecia um lado totalmente diferente dos Estados Unidos. O trem passou por cada cidade pequena e linda, que às vezes eu tinha a sensação de estar na Europa. Ver o pôr-do-sol (tímido, confesso) no meio do caminho e chegar (pela primeira vez!) no meio de uma Nova York totalmente iluminada também me rendeu um momento único.

Se você tem tempo para se dedicar a esse tipo de viagem, fica aqui a dica 🙂

A linha que faz o trajeto Montreal – Albany – Nova York é a Adirondack. Hoje os bilhetes custam 72 dólares para adultos e 36 dólares para crianças (2 a 15 anos). Há descontos para estudantes com ISIC, maiores de 62 anos e militares. Você pode conferir a rota do trem e comprar as passagens clicando aqui.

Montreal é uma cidade incrível, cheia de coisas para fazer, uma das minhas preferidas no mundo. A Paula fez um post mega completo sobre o que fazer em Montreal, e eu recomendo a leitura também.

Espero que este post tenha te ajudado a planejar a sua viagem!

Canada - EUA de trem



Daniele Polis

Paulista e Paulistana, sou louca por viagens, fotos, moda, sapatos e compras. Já carimbei o passaporte em 15 países, e estou sempre de malas prontas para viajar. Também escrevo no Dani Polis.

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8 comments on “Canadá – EUA de trem

  1. Eu já passei mais de 40 horas em um trem e continuo gostando de viajar com ele. Eu, com certeza, faria esse trajeto de trem sim: pelas paisagens, pela facilidade e pelo investimento. Adorei seu relato.
    PS: eu só viajo na janela também.

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